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Montessori ontem, hoje e sempre
No dia 29 de outubro passado, Marcia Righetti, fundadora da Aldeia Montessori participou do “Ciclo de Palestras Montessori para Famílias”, promovido pela Associação Montessori da Bahia.
Na palestra que teve como tema “Montessori ontem, hoje e sempre”; Marcia falou sobre a contemporaneidade do Método Montessori e como ainda hoje ele continua inovador, servido de inspiração a muitas metodologias.
A palestra, que segue disponível no Facebook, contou um pouco a respeito da importância do método Montessori na construção de cidadãos conscientes do mundo em que vivem; de pessoas mais confiantes, curiosas e aptas a tomadas de decisão; a partir das vivências das crianças desde a primeira infância, o Método Montessori.
O método Montessori é atemporal, uma vez que se adapta e se transforma de acordo com a cultura; o tempo e, principalmente; de acordo com a criança.
Assim, confira abaixo os pontos principais tratados na palestra:
COMO A METODOLOGIA MONTESSORI NASCEU
Maria Montessori criou o método Montessori. Portanto, ela foi uma mulher arrojada para seu tempo. Em 1907, começou a trabalhar com crianças na primeira Casa Dei Bambini e antes deste período, como médica, ela trabalhou com crianças descapacitadas.
O jornalista francês Pascal Gobri, ao comentar sobre Maria Montessori num artigo para a Revista Forbes, diz que a revolução da educação começava ali. No bairro operário de San Lorenzo, em Roma Lourenço.
Isso porque Montessori se baseava na criança que ela observava. Esse era seu método científico. Como médica, Montessori fazia ciência e como pedagoga, ela fazia educação como ciência. Via que a criança trazia dentro de si uma potência e percebia nos pequenos o que eles queriam: “Ajuda-me a fazer sozinho”. Dessa forma, seguir a criança e ajudá-la a fazer sozinha o que ela podia era um dos pilares da metodologia e da filosofia montessoriana que nascia ali.
No início de seu contato pedagógico com as crianças, a escola de Montessori era uma escola como as outras. Mesas e cadeiras altas, crianças “presas”. Por mais que o espaço contasse com materiais, importantes e interessantes para as crianças; ainda não era o suficiente. Observando as crianças e pensando no que seriam capazes de fazer, ela foi adaptando o ambiente.
QUEM ERAM AS CRIANÇAS?
As crianças eram filhas de operários. Seus pais passavam o dia todo fora de casa a trabalho e Maria Montessori entendeu que as crianças precisavam aprender a cuidar-se. Eram crianças de 2 anos e meio a 5 anos. As primeiras lições, então, foram as de higiene e cuidado com o ambiente.
Elas aprenderam então o que lhes era necessário para aquele momento: penteavam-se; lavavam-se; vestiam-se; despiam-se; cuidavam dos móveis da sala… E o protagonismo das crianças foi tomando forma e mudando os destinos da educação. Autonomia e autoeducação nasciam naquele espaço.
Portanto, Montessori percebeu que as crianças aprendiam sensorialmente. A ordem era necessária; os hábitos faziam com que elas se sentissem seguras.
Percebeu que as crianças aprendiam com adultos e as crianças maiores e logo não precisavam mais de ajuda para a lição aprendida. Escolhiam as tarefas, circulavam pelo ambiente e cuidavam de sua higiene e da organização e limpeza do ambiente.
Logo depois, mudanças foram acontecendo: a sala já não era “tão apertada” e quando não havia espaço ali, eles iam para o jardim. Dessa forma, nesse período, as mesas e as e cadeiras já estavam adaptadas ao tamanho das crianças. Além disso, usavam tapetes também, que limitavam os espaços de cada criança e protegiam o uso do material, mantendo a ordem no ambiente.
Hoje em dia, as salas seguem os princípios daquela época montessoriana, porque desenvolvem não só habilidades cognitivas mas também emocionais.
Apresentam ordem, com móveis e utensílios em tamanho apropriado para crianças de cada idade, ricas em detalhes que nutrem a curiosidade da criança.
EM UMA SALA MONTESSORI
Não é só cognição o foco do método Montessori. Aprende-se a aprender, mas também a conviver, a ser, a fazer: o afeto entre as crianças maiores e menores e os cuidados que tem com cada outro é perceptível, o trabalhos em equipe e a liderança que vai sendo vivida, alternada e líderes, compartilhar conhecimento e bem querer em gestos de solidariedade e empatia.
O QUE TORNA ESSA SALA E ESSA METODOLOGIA TÃO ESPECIAIS?
A metodologia Montessori propõe um ambiente preparado e um adulto educador preparado!
Contudo, um adulto preparado precisa conhecer a criança para poder segui-la.
Nesse sentido, em cada período da vida, vai oferecer a cada criança o que ela precisa em cada momento, no tempo que ela precisar.
O ambiente Montessori deve continuar em casa e para isso, os pais também devem estar preparados para seguir a criança e ajudá-la a fazer sozinha. É necessário que os educadores (pais e professores) “aprendam a ler a criança”.
O QUE ESPERAR DA CRIANÇA E COMO FAVORECER SEU DESENVOLVIMENTO
Em cada fase da vida, criamos expectativas a respeito do que a criança irá desenvolver.
Assim, para uma criança de 0 a 3 anos, a expectativa dos pais é a de que ela aprenda a andar e falar. Dessa forma, os ambientes de casa e da escola deves estar preparados, oferecendo segurança para o desenvolvimento do andar e estímulos à fala.
Já para a criança de 6 anos, o que esperamos é que a criança esteja lendo e escrevendo, então, cuidamos de oferecer os estímulos e as ferramentas que precisam.
Ao crescer mais um pouco vão pro fundamental e o pensamento mítico as atrai para as histórias de super heróis. E aqui que a Metodologia Montessori também se diferencia dos demais: Entregamos à criança o que ela precisa, mas também o que ela gosta.
E que história seria mais mítica e interessante do que a nossa própria?
As idades de 6 a 9 anos trabalham a história do nosso universo, da nossa galáxia, do nosso planeta, do nosso continente, do nosso país, do nosso estado, da família humana e de como pertencemos a tudo isso.
Só assim, a criança entenderá, mais a frente, a sua responsabilidade como habitante do planeta Terra e que cuidando de si ela estará cuidando dos outros.
É dessa forma que ela vai entender que o lixo que ela deixa na rua pode ir pro oceano e pode ameaçar a vida dos corais, lá no Oceano Índico, por exemplo.
Depois, as crianças vão para o fundamental 2 e para o ensino médio, ainda formando seus próprios valores, precisam da guiança dos adultos, adultos preparados.
São jovens adaptáveis, sabem escolher, trabalham bem em equipe, são proativos, sabem que tem escolhas que podem fazer e escolhas que devem fazer.
“Vou fazer primeiro a tarefa de português ou a de artes?” A ordem na para realizar uma atividade é uma escolha, mas a realização das tarefas, não. Essas são escolhas que podem ser difíceis para muitas pessoas, mas pra nossas crianças, não. Isso vai sendo aprendido a cada etapa. O cérebro vai aprendendo a tomar decisões.
Quando chegam no ensino médio, o foco no potencial humano, formando cidadãos do mundo, começa a dar frutos pois eles sabem o que vão fazer.
Buscam o contato com o mundo, conquistam o espaço adulto, escolhem a carreira, agem no mundo, vão se transformando nas pessoas que Montessori sonhou. Cidadãos do mundo, que agem com competência, íntegros e construtores da paz.
É disso que se trata a educação como ciência. Para o ser humano em desenvolvimento o que ele precisa, sempre em busca da construção de um indivíduo que entende que ele faz parte do todo. O que Montessori queria era formar cidadãos do mundo, construtores da paz!
METODOLOGIA ATEMPORAL MONTESSORI
Você já descobriu o motivo da metodologia Montessori ser atemporal, contemporânea e inovadora?
É porque ela segue a criança de cada tempo, de cada lugar!
O método respeita a individualidade de cada um em seu tempo, espaço e cultura.
Os professores Montessori são cientistas da educação e como a ciência que tem verdades transitórias, as aulas montessori se modificam a partir dos avanços da ciência.
Maria Montessori mesmo já dizia que seu método deveria ser aprimorado através dos anos.
Montessori é uma metodologia de ensino atemporal. Se pensarmos nas experiências com as crianças de San Lorenzo e compararmos com uma sala Montessori de hoje, veremos que a alegria é a mesma.
Não existe coisa mais emocionante do que observarmos a criança no trabalho que ela escolhe, em que é protagonista, em que exercita as funções executivas. Isso garante que ela será um adulto mais equilibrado.
Queremos ser pais e professores, mas se queremos ajudar as crianças, precisamos ser referências que inspiram. O papel do ser adulto da nossa espécie, a espécie humana, é inspirar os seres jovens, cuidar para que sejam boas pessoas, e se assim forem, com certeza serão pessoas competentes, íntegras, cidadãos do mundo e construtoras da paz.
Para conferir a palestra completa, acesse a live clicando aqui.
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