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18 de maio 2015

Conhecendo o currículo das classes do Nido, na Aldeia Montessori

A escola de zero a três anos constitui uma das primeiras experiências da criança num sistema organizado, exterior ao seu círculo familiar, onde será integrada e desenvolverá determinadas competências e capacidades.

O entendimento antigo de que o principal objetivo da creche (denominação do segmento de zero a dois anos e 11 meses, de acordo com a legislação brasileira) é a guarda da criança, assegurando sua saúde e alimentação. Nos dias atuais, esse objetivo está sendo complementado por uma ênfase na educação.

O conceito “educare”, que hoje caracteriza o atendimento às crianças de zero a três anos, traduz a ideia de unir as questões de educação (“edu”) aos cuidados maternos (“care”) .

Sabemos que as experiências das crianças em seus primeiros anos de vida estão muito relacionadas à qualidade dos cuidados que recebem; portanto, o ambiente da creche deve se caracterizar como um ambiente acolhedor e preparado para as aprendizagens próprias dessa faixa etária.

Um dos princípios de uma escola Montessori é ter seus ambientes estruturados de acordo com o grupo que recebe; preparando-o de uma forma que nutra a curiosidade da criança e estimule aprendizagens nas diferentes áreas.

No que diz respeito ao ambiente do Nido Montessori (Nido 1 e Nido 2), os critérios de organização são essencialmente os focos nas áreas do desenvolvimento motor e do desenvolvimento da linguagem; e paralelamente, as oportunidades de ação que favoreçam o desenvolvimento emocional.

Nos aspectos do desenvolvimento motor: conquista de movimentos como sentar-se; engatinhar; andar; arremessar; chutar; empurrar; puxar; desenvolvimento da preensão palmar e depois da pequena pega da família, entre outros.

Na vida prática: desenvolvimento dos movimentos para segurar a mamadeira; beber água no copo com ou sem tampa; comer com ajuda, desenvolvendo a mastigação (desde a introdução dos alimentos sólidos até comer a comida comum), ou comer sozinho; colaborar no banho e na troca de roupa, até ser capaz de tirar os sapatos e as meias e depois despir-se e vestir-se, entre outros cuidados pessoais; enfim, são atitudes que a criança vai desenvolvendo para conquistar a independência.

Consideramos como subitens da área da vida prática, com suas características voltadas para os aspectos emocionais, as lições de graça e de cortesia, como cumprimentar; desculpar-se; usar expressões como “dá licença; por favor; obrigada”.

À medida que descobre a si mesma e o espaço do outro, a criança vai exercitando as relações de respeito e de comportamento social apropriado.

No aspecto sensorial: oportunidades para experimentar e explorar diferentes estímulos sensoriais visuais, olfativos, táteis, auditivos e gustativos; a fim de formar conceitos sobre eles a partir de vivências e de experimentações no cotidiano.

Na construção da linguagem articulada: muitas oportunidades para aprender os nomes dos elementos e das pessoas do ambiente, diária e rotineiramente; a fim de que cada uma possa ir gradativamente se apropriando do uso da língua — sem dúvida um grande marco nesse período.

Um ambiente físico ordenado estabelece as bases de uma mente ordenada. Se crianças encontram as coisas no mesmo lugar dia após dia, elas aprendem a reconhecer a que lugar elas pertencem. Em tal ambiente, as crianças crescem confiantes na sua capacidade de ação, pois conhecem e memorizam os recursos do seu espaço; ampliando e aprofundando suas explorações. Tornam-se, então, confiantes de sua própria capacidade intelectual.

Fundamental é, nessa etapa, oferecer vivências da “ordem”, pois é aí que acontece o período sensível para desenvolvê-la no ambiente. Cada material fica disposto em cestinhas e tem seu lugar. A criança observa o movimento do adulto guardando cada coisa em seu lugar, guardando os objetos após usá-los e vai, gradativamente, percebendo a necessidade da ordem.

A criança de zero a seis anos precisa de ordem em sua vida; porém, é a criança de dois anos que se mostra extremamente sensível e receptiva à percepção da ordem e é a ordem externa que vai ajudá-la a construir sua ordem interna e entender a ordem do mundo, construindo sua autoconfiança e competência.

Todos esses fatores serão a linha guia para que nossas crianças também se desenvolvam nos aspectos emocionais.

O ambiente estruturado à maneira Montessori com bases científicas, atendendo ao desenvolvimento da faixa etária que abriga, disponibiliza nos objetos, os quais chamamos de materiais de desenvolvimento, os aspectos do currículo das classes de zero a 17 meses e de 18 a 36 meses.

Falar de currículo é falar de princípios essenciais, valores, finalidades, processos e práticas que formam a base de tudo que sucede em um determinado contexto educativo.

Assim, o currículo para crianças de zero a três anos na escola Montessori abrange uma vasta gama de opções de aprendizagem, experimentação e oportunidades ilimitadas de exploração; pois, nessa etapa de vida, a criança absorve como “uma esponjinha”, por meio dos sentidos, os estímulos do ambiente.

É igualmente importante que tenham oportunidades de “fazerem por elas mesmas” num ambiente seguro e protetor, exercitando a independência, o sentido de ordem, a concentração; desenvolvendo a autoestima, a autoconfiança, a capacidade de fazerem escolhas, de se comunicarem com propriedade e de se movimentarem com destreza cada vez maior.

Ah! E viver a cultura é fundamental para que a criança vá se inserindo no momento que vive, no lugar que vive, ocupando com propriedade cada vez mais crescente o lugar que lhe pertence no mundo.

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Por Roberta Righetti, diretora da Unidade II, da Aldeia Montessori; especialista em Educação Montessori (Centro de Estudos Montessori do Rio de Janeiro), pós-graduada em Educação Infantil (PUC. Rio)

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Referência Bibliográfica:

Montessori, Maria – Mente absorvente,  A Criança, Formação do Homem

 Equipe do Nido Montessori da Aldeia –  Currículo para o Nido Montessori